Gregório José
Jornalista/Radialista/Filósofo
Se Jesus multiplicou pães para alimentar a multidão, os brasileiros, não satisfeitos, decidiram multiplicar padarias para alimentar… bem, eles mesmos. Segundo dados recentes, surgem 130 novas padarias por dia no país. É tanto pão que, se amarrássemos todas as baguetes uma na outra, talvez chegássemos à lua – e de quebra, alimentaríamos os astronautas. Isso mesmo. O Brasil resolveu levar ao pé da letra o “pão nosso de cada dia”!
Agora, é padaria pipocando em cada esquina, mais rápido que o fermento na massa. São 130 novas padarias por dia! Dá até pra desconfiar que a verdadeira competição nacional não é mais o futebol, mas quem consegue abrir mais padarias no menor tempo possível. Afinal, o brasileiro acorda cedo, mas não é pra correr atrás do prejuízo, e sim pra pegar o pãozinho quentinho.
A situação é tão impressionante que já me pego imaginando como seria a próxima moda: padarias drive-thru, padarias voadoras, padarias submarinas… O importante é que o pão esteja lá, onde quer que você precise dele. Até o padeiro, coitado, deve estar com tendinite de tanto amassar massa. E o padeiro que não souber abrir uma padaria hoje, meus amigos, está fora de moda!
Será que estamos, finalmente, investindo na base da pirâmide nutricional, onde o pão é o rei? Porque se tem uma coisa que nunca sai de moda por aqui é o velho e bom pão com manteiga. Enquanto o caviar só aparece nas mesas dos poderosos, o pãozinho quente é um comunista: tá em todas as classes sociais, abraçando o proletariado com uma crosta crocante e miolo fofinho.
E já que o Brasil é esse grande campo de provas para a sobrevivência, fica a pergunta: quantas dessas padarias vão sobreviver até o próximo Natal? Não é preciso ser especialista em economia para saber que o mercado é mais duro que pão dormido. E entre um novo CNPJ e a realidade da vida de empresário, a distância é tão grande quanto a entre o padeiro e o padecido.
O Sebrae até tenta dar aquela mãozinha na digitalização das padarias. Mas eu me pergunto: será que, num país onde o cliente ainda pede fiado, o digital realmente pega? Afinal, não há algoritmo que resolva a lógica do “põe na conta” que domina o comércio de bairro.
No fim das contas, o pão pode até ser o sustento da alma brasileira, mas o fermento do otimismo muitas vezes desanda. Enquanto celebramos a multiplicação das padarias, não podemos esquecer que o mercado é implacável, e separar o trigo do joio é mais difícil do que parece. É como diz o ditado: “Comer pão quente é bom, mas pagar as contas com pão é outra história.”
Sejamos sinceros: num país onde a política é uma piada, o futebol uma decepção e a economia um suspense, nada mais justo que o pão seja a comédia. Afinal, rir é o melhor fermento.
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