A invisibilidade dos psicólogos na pandemia - Rede Gazeta de Comunicação

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A invisibilidade dos psicólogos na pandemia

CLAUDIA ROCHA

Psicóloga

A imprensa divulga todos os dias, de forma ampla, o cenário pandêmico global e expressa toda a movimentação da sociedade em torno da grave crise da saúde. Minha preocupação é sobre a “invisibilidade” dos psicólogos que trabalham na assistência social.  Mais de meio século de regulamentação no Brasil, a Psicologia tem formado profissionais para atuar nas diversas áreas da sociedade, inclusive nas Políticas Públicas.

Os psicólogos ao longo de sua existência vão tecendo o conhecimento e isso é que faz da nossa profissão uma ciência, pois ela é um ofício artesanal de pessoas e afetos. Nossa matéria-prima é o ser humano e o mundo; e com essa arte de tecer saberes, vamos aprendendo uns com os outros.

Nos últimos meses fomos avassalados por um vírus e o que vemos ao nosso redor é um cenário acentuado de mazelas, que afeta a todos nós. Este tempo ficará marcado não somente pelos funestos números estatísticos de milhares de perdas, mas também por suas contradições.

É fato, acompanhado por todos nós, as dificuldades que os gestores, médicos e hospitais enfrentam com o colapso no sistema de saúde. No entanto, do outro lado, estão os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que atuam para garantir a sobrevivência dos povos. Para onde vão as pessoas que se aglomeram e formam filas quilométricas na frente dos Bancos e das Casas Lotéricas?

Os vulneráveis, beneficiários do Programa Bolsa Família e os excluídos, que certas instituições insistem em tutelar; os pais das crianças sem aulas, os trabalhadores de baixa ou sem nenhuma renda, os idosos, os adolescentes e todos estes grupos estão aglomerados nos inúmeros Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) espalhados pelo Brasil.

Definir nosso serviço como essencial seria no mínimo uma condição para nos garantir pelo menos o direito de entrar na escala de vacinação urgentemente. O que falta de verdade não é estampar manchetes em jornais e sim sensibilidade para olhar além das ações coletivas da sociedade. Estamos sustentando nosso exercício profissional nas equipes socioassistenciais desde o mês de março de 2020, atendendo a população em geral. Nosso compromisso é construir ações compatíveis com as demandas e necessidades, sendo capazes de diminuir as fragilidades humanas. Mas neste contexto não estamos alheios, pois a pandemia também nos afeta enquanto indivíduos.

A problemática da argumentação é para transportar toda a nossa luta para um lugar de ressonância, onde poderemos ser vistos com respeito e dignidade. A propaganda dos serviços é realmente a nossa prática. Devemos prestar atenção para onde corre o fluxo neste tecido social fora do âmbito hospitalar e comercial.