RICARDO DRUMMOND
Empreendedor em tecnologia educacional
Quando falamos sobre educação superior do futuro, logo nos vem à cabeça o uso de robôs, tecnologias de realidade virtual e aumentada, chips que transmitem informações diretamente para nosso cérebro, entre outras maravilhas proporcionadas pelas novas tecnologias.
Entretanto, verificamos que o modelo educacional tradicional sofreu pouquíssimas evoluções nas últimas décadas. Uma estrutura formatada, criada no século 19, na qual o professor, detentor do conhecimento, fica à frente de seus alunos que estão organizados em fileiras lado a lado, prontos para receber a informação e o conhecimento de forma estruturada e engessada. Tal modelo já não atende mais às demandas destes alunos, que desde muito pequenos já têm acesso a todo o conhecimento do mundo a um clique de distância, nas telas dos celulares.
Nunca tivemos tanto acesso a conteúdos de maneira livre e gratuita na Internet como temos hoje. Dentro deste contexto, vocês devem estar se perguntando: não precisamos mais de professores? A resposta curta e simples é: não para transmitir conteúdo! O professor, dentro do contexto da educação do futuro, assume um papel muito mais de mentor do que de transmissor de conteúdo. Os alunos não mais precisam ir para a sala de aula para ter acesso a conteúdo. O professor precisa transformar a forma como leciona e agir para estimular os alunos na busca e construção do conhecimento, de forma a auxiliá-los na jornada do aprendizado.
Outro importante fenômeno que deve crescer cada vez mais, caso a educação superior não se reinvente, é a desvalorização do diploma pelo mercado. O mercado de trabalho, via de regra, já não valoriza mais a educação superior como antigamente. Pessoalmente, ao analisar um currículo, eu não olho mais qual curso superior a pessoa fez, em qual escola ela se formou (se é que ela se formou) e, muito menos me interesso por suas notas. O que quero saber em um processo seletivo é a experiência dessa pessoa, suas habilidades interpessoais, seu perfil comportamental e sua capacidade de entregar resultados. E eu não sou uma voz isolada na multidão, grandes empresas já manifestaram publicamente a não relevância da educação formal em seus processos seletivos. Com a especialização cada vez maior das funções, veremos cada vez mais, cursos curtos e com conteúdos práticos sendo ofertados por instituições não acreditadas pelo MEC, mas cada vez mais acreditadas pelo mercado, não pelo diploma que fornecem, mas pelos resultados entregues pelos seus egressos alunos.
Ainda dentro desta nova realidade do mercado de trabalho, observamos que, cada vez mais, as habilidades comportamentais têm se tornado muito mais importantes do que as habilidades técnicas. Vários são os estudos que demonstram que as habilidades interpessoais são responsáveis pela maioria das promoções e demissões de profissionais. Assim, cada vez mais, surge a necessidade de os programas formais, que tradicionalmente sempre foram focados no desenvolvimento de habilidades técnicas, se adaptarem para fornecer em suas grades, temas ligados ao desenvolvimento de habilidades comportamentais.
Por fim, acredito que a habilidade mais importante que o profissional do futuro tenha, é a capacidade de se adaptar em um mundo de constantes mudanças. Um estudo conduzido pelo Institute for the Future ligado à empresa Dell, concluiu que cerca de 85% dos empregos de 2030 ainda não existem. Ora, se os trabalhos do futuro ainda não existem, como devemos nos preparar para esses trabalhos? Não existe receita de bolo para responder essa questão, mas existem várias coisas que você pode fazer. Aprenda a estudar e conheça coisas novas, isso te ajudará quando precisar desenvolver uma nova habilidade. Lembre-se, a única coisa certa sobre o futuro é a mudança. Esteja pronto.
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