Sargento perde armas em assalto e é ouro com carabina emprestada - Rede Gazeta de Comunicação

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Sargento perde armas em assalto e é ouro com carabina emprestada

Competição reuniu atiradores na zona norte da capital paulista, nesta sexta-feira, 21, enquanto nadadores, halterofilistas e esportistas do atletismo disputaram provas no CT Paralímpico; evento se encerra neste sábado, 22

O Meeting Paralímpico Loterias Caixa de São Paulo, organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), chegou ao seu segundo dia nesta sexta-feira, 21, com disputas de atletismo, natação e halterofilismo no Centro de Treinamento Paralímpico, zona sul da capital paulista. Além disso, foram disputadas provas de tiro esportivo na Escola de Educação Física da Polícia Militar (EEFPMSP), zona norte da cidade.

A pista e o campo de atletismo do CT Paralímpico receberam 200 competidores, enquanto a piscina do local teve 109 nadadores. Os halterofilistas disputaram suas provas na quadra de rúgbi do complexo. O tiro esportivo foi iniciado e encerrado nesta manhã na EEFPMSP.

Neste sábado, 22, encerramento da competição, o Centro de Treinamento Paralímpico ainda sediará partidas de bocha e combates de tiro com arco, além de mais disputas de atletismo, halterofilismo e natação. Ao fim do evento, 980 atletas de seis modalidades terão participado da etapa paulista do Meeting – a última das 27 deste ano.

Dentre os atiradores que estiveram na EEFPMSP, o sargento Luiz Nelson Nunes Azevedo, 51, do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, foi um dos medalhistas de ouro nesta manhã. Na última semana, dia 13 de junho, sua casa, em Campo Grande (MS), foi invadida e levaram três armas do sargento. Para competir no Meeting de São Paulo, o atirador teve que pegar uma carabina emprestada com a técnica Vânia Cibele Cunha Lasthaus, conhecida como Vaninha. Ele terminou a competição com 580,3 pontos na prova R3.

“É bastante complicado participar de uma disputa sem a sua arma, mas agradeço à Vaninha pela ajuda. No final das contas, fiquei muito satisfeito por ter competido no Meeting. Esqueci um pouco o ocorrido e vi alguns amigos”, disse o sargento, que teve parte da perna esquerda amputada após ser picado por uma cobra, há 22 anos, em uma fazenda no Mato Grosso do Sul. Entrou no Movimento Paralímpico em 2003 e, desde 2022, faz parte do Programa Militar Paralímpico do CPB.

No campo de atletismo do CT Paralímpico, o campeão mundial André Rocha, da classe F52 (cadeirantes), disputou a prova de lançamento de disco nesta sexta-feira. Fez 19,21m – abaixo dos 20,72m que lhe deram o ouro em Kobe, Japão, no mês passado. “Essa foi a minha primeira competição após ser campeão do mundo. Um título pelo qual esperei sete anos. Não subia ao lugar mais alto do pódio desde 2017. A conquista me deu uma animada para a reta final de preparação, pensando nos Jogos Paralímpicos de Paris. Estou feliz por estar aqui no Meeting e é importante manter o ritmo”, analisou o atleta, que era policial militar e, durante uma perseguição policial, em 2005, caiu de um muro alto que ocasionou uma grave lesão na coluna lombar.

No halterofilismo, a paraense Karina Tamara Correa, 33, melhorou em 20kg seu melhor resultado. A atleta havia levantado 40kg em sua primeira competição oficial, o Meeting Paralímpico Loterias Caixa do Rio de Janeiro, em maio, e agora suportou 60kg em São Paulo, na segunda competição oficial em que participou. O resultado lhe garantiu a medalha de ouro na categoria até 79kg.

A atleta começou a treinar halterofilismo há seis meses, no Centro de Treinamento Paralímpico, por meio do projeto Reabilitar, realizado pelo CPB em parceria com instituições de reabilitação de pessoas com deficiência. Antes, era atleta da natação, também no CT.

“Conheci o halterofilismo fazendo academia no CT e vim experimentar por curiosidade. Tinha um pouco de receio, achava que era algo mais masculino. Mas logo vi que não era isso. Comecei a pegar gosto, estou amando e decidi que vou me dedicar só a esta nova modalidade”, afirmou a atleta, que tem paraplegia por conta de um acidente de carro sofrido em 2011, em Boa Vista (RR).

Outro atleta que faz parte do programa Reabilitar e conseguiu melhorar sua marca foi Romilson Souza, 35. O halterofilista conseguiu a medalha de ouro da categoria até 54kg com um levantamento de 133kg. Antes, sua melhor marca era de 128kg, suportados na Primeira Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa de halterofilismo.

“Estou feliz com minha trajetória até aqui. Minha meta é chegar um dia à Seleção Brasileira e estou treinando de segunda a sexta para alcançar isso. Queria validar 136kg hoje, mas acabei errando meu primeiro movimento e mudei minha estratégia. O que consegui neste Meeting foi bom, mas espero ainda mais para disputar um dia os Jogos Paralímpicos. Agora é continuar subindo um degrau de cada vez”, afirmou o halterofilista, que tem amputação em ambas as pernas e, antes do halterofilismo, era atleta de basquete em cadeira de rodas.

Outro destaque da modalidade foi a paulista Laira Guimarães, 28, atleta que busca retornar à Seleção Brasileira da modalidade após receber suas primeiras convocações em 2023. A halterofilista, que competiu na categoria até 73kg no Mundial de Dubai no ano passado, estreou na categoria até 67kg no Meeting de São Paulo e conquistou a medalha de ouro ao suportar 103kg. Ela ainda tentou igualar sua melhor marca na categoria anterior com um levantamento de 105kg em sua terceira tentativa, mas teve seu movimento invalidado. Karina, Romilson e Laira estarão novamente no CT Paralímpico nos dias 29 e 30 de julho para disputar a Segunda Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa de halterofilismo.

O Meeting de São Paulo termina neste sábado, 22, com provas de atletismo, natação, bocha, halterofilismo e tiro com arco no CT Paralímpico. A etapa encerra a temporada 2024 da competição. No primeiro dia de disputas na capital paulista, quinta-feira, 20, Pablo Furlan, da classe T13 (deficiência visual), registrou o 19º melhor salto em distância do ano.

Meeting Paralímpico em 2024

Após o término da etapa paulista do Meeting Paralímpico Loterias Caixa, o evento terá passado pelas 27 unidades federativas brasileiras, com 6.415 atletas inscritos em disputas de alto rendimento e Seletivas Estaduais de competições organizadas pela Diretoria de Desenvolvimento Esportivo (DDE). São elas: Paralimpíadas Escolares, Paralimpíadas Universitárias, Paralimpíadas Militares e Intercentros (entre alunos dos Centros de Referência do CPB, projeto que aproveita espaços esportivos em estados de todas as regiões do país para oferecer modalidades paralímpicas, desde a iniciação até o alto rendimento).

A temporada do Meeting Paralímpico Loterias Caixa de 2024 começou em fevereiro com etapas simultâneas em Porto Alegre (RS) e Rio Branco (AC). Posteriormente, o evento passou por Florianópolis (SC), Porto Velho (RO), Curitiba (PR), Cuiabá (MT), Salvador (BA), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Aracaju (SE), Recife (PE), Palmas (TO), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB), Natal (RN), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Boa Vista (RR), Teresina (PI), São Luís (MA), Manaus (AM), Macapá (AP) e Belém (PA). No último sábado, 15, foram realizadas as etapas de Pilar (AL) e Brasília (DF).

Em 2024, além de competições de atletismo, natação e halterofilismo realizadas pela Diretoria de Esportes de Alto Rendimento (DEAR) do CPB, os Meetings também passaram a receber etapas regionais de disputas organizadas pela Diretoria de Desenvolvimento Esportivo (DDE) e, com isso, mais três novas modalidades entraram no programa: bocha, tiro com arco e tiro esportivo.

O Meeting Paralímpico Loterias Caixa tem o objetivo de desenvolver o paradesporto em todo o território nacional, com a participação de novos talentos e atletas de elite. É idealizado e organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desde 2021, como uma atualização dos tradicionais Circuitos Loterias Caixa, que já eram realizados desde 2005. Entre 2021 e 2023, reunia provas de atletismo, natação e halterofilismo, sendo que cada cidade sediava disputas de, pelo menos, uma dessas modalidades.