Rede de privilégios, o maior entrave à redução da pobreza - Rede Gazeta de Comunicação

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Rede de privilégios, o maior entrave à redução da pobreza

SAMUEL HANAN

Engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002)

É primordial, ainda, que o salário-mínimo seja corrigido anualmente pelo índice de inflação medido nos 12 meses anteriores, além de se corrigir substancialmente a tabela do Imposto de Renda, de modo a levar a zero, em poucos anos, a enorme defasagem acumulada, responsável por tirar compulsoriamente valor considerável do bolso dos contribuintes, em favor da União.

Não é, entretanto, uma luta que se trava apenas no campo da economia. É fundamental restabelecer a moral e a ética e um bom começo seria o restabelecimento da prisão em segunda instância (após sentença condenatória confirmada por órgão colegiado) e tornar imprescritíveis os crimes praticados contra a administração pública.

É indisfarçável. A rede de privilégios, enorme e intocável, transformou o Brasil em uma nação sui generis: um país de corruptores sem corruptos; uma República federativa sem federação autêntica e repleta de monarcas, em que a União se apodera da imensa maioria dos recursos, teimando em ignorar que o cidadão nasce, vive e morre no município. Um país que, via política fisco-tributária e de renúncias fiscais, mantém aberta a maior fábrica de pobreza; uma nação geradora de gigantescos e repetidos déficits públicos, e que não aceita a busca do equilíbrio fiscal por meio da redução dos desperdícios do dinheiro público. E também um país que rejeita a possibilidade de prisão em segunda instância e que não se movimenta para tornar imprescritíveis os crimes praticados contra a administração pública.

Há mais de 200 anos atrás, o pesquisador francês Yves Saint-Hilaire, espantado com a ação das formigas cortadeiras, advertiu: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Privilégios, clientelismo, e o inchaço da máquina pública são as novas saúvas que insistem em tentar acabar com o país. O célebre jurista e jornalista Joaquim Nabuco já advertia, no século 19, que “não há ponto novo de partida que não encontre incrédulos e inimigos”. Obviamente, qualquer proposta voltada à redução de privilégios sempre terá a oposição dos beneficiados pelas benesses do poder. Essa resistência precisa ser enfrentada e vencida, sem o que a pobreza e a fome continuarão sendo o grande flagelo social do Brasil.

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