A Selic caiu. E agora? - Rede Gazeta de Comunicação
A Selic caiu. E agora?

LUCAS VARGAS

Economista

Era de se esperar uma queda na taxa da SELIC, que é a taxa básica de juros da economia e que regulamenta e indexa muitos valores, empréstimos, nível nacional de poupança, financiamentos e remunerações, ente outras. o mercado financeiro, não tão otimista, acreditava numa redução de 0,25%, mas o que ocorreu foi uma queda de 0,50% saindo do patamar de 13,75% para 13,25%, fato ocorrido na reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária), no dia 02 de agosto.

Aparentemente não é muito, menos ainda animador. Entretanto, desde 2020 não víamos uma redução na SELIC, somente elevações positivas para esse índice, sobretudo, por um efeito em cadeia causado pela pandemia, de modo especial pela alta nos preços da economia naquele período. Por outro lado, a forte queda da inflação nos últimos meses fez com que o Banco Central cortasse os juros pela primeira vez em três anos.

Mas resta saber o que de fato muda na prática do consumidor, no nosso cotidiano? Os economistas acreditam que a redução na taxa básica de juros da economia venha aquecer a economia, estimulando as transações econômicas, reduzindo o custo de crédito e até mesmo uma oferta maior de recursos financeiros produtivos, tanto do governo, quando do setor privado.

Creditamos todos esses estímulos à teoria macroeconômica. Ocorre, entretanto, que devemos levar em consideração alguns fatores: o primeiro deles é o índice de endividamento das famílias. Pesquisas apontam que 78,5% das famílias brasileiras estão endividadas (em atraso ou não), dados indicados pela confederação nacional de comércio de bens, serviços e turismo (CNC). Esses números ainda apontam a significativa taxa de inadimplência das pessoas e muitas destas com o nome restrito no SPC ou SERASA. Mas, na prática, o que esse indicador quer dizer, afinal? Isso significa que a renda das pessoas em geral já estão, em sua quase totalidade, comprometida com despesas futuras e que nenhuma ação do governo, visando estimular o consumo, iria funcionar. “a gordurinha acabou”

O segundo fator diz respeito ao crédito, a título de financiamento de fatores produtivos. Isto é, tomar dinheiro emprestado para destinar as ações que gerem emprego e renda no Brasil ainda continua muito custoso, além de burocrático.

Ao que tudo indica, a estratégia de retomada de crescimento via consumo parece estar superada. Precisamos, então, estimular os setores produtivos da nossa economia, aumentar mais postos de trabalho, tornar nossos produtos mais competitivos, e deter de uma taxa cambial que favoreça a exportação, além de aumentar, efetivamente, o investimento, de maneira geral, no Brasil. A propósito a redução da SELIC é apenas um pequeno fator, necessitamos de muito mais para seguirmos um pouco mais otimistas.

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