VINÍCIOS SANTOS
Professor e Jornalista
A escola em tempo integral tornou-se política pública nacional recentemente, com a sanção da Lei 14.640/2023, que institui o Programa Escola em Tempo Integral, e com a promessa do Governo Federal de investir R$ 4 bilhões para ampliar – em um milhão – o número de matrículas dentro desta modalidade nas escolas de educação básica em 2023. O objetivo é de, até 2026, alcançar cerca de 3,2 milhões de matrículas.
O município Mata de São João (BA), na última semana, alcançou a meta de ter todas as matrículas das escolas municipais em tempo integral. Na cidade, que fica na região metropolitana de Salvador, os alunos da educação infantil e do ensino fundamental passam pelo menos sete horas por dia na escola e têm atividades de esporte, cultura e sustentabilidade.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a educação em tempo integral é a ampliação do tempo de permanência nas escolas para um período igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais.
No entanto, é fundamental ressaltar que para que esta modalidade de fato possa ampliar as diferentes experiências educativas das crianças e adolescentes – nos aspectos sociais, culturais e esportivos, em espaços dentro e fora da escola, com a participação da comunidade escolar, como proposto – os valores prometidos têm de chegar aos locais corretos; e, ainda, há de se fazer uma intensa preparação dos profissionais que atuarão na modalidade.
As mais diversas melhorias na Educação brasileira são bem-vindas e extremamente necessárias, haja vista que a nossa educação vem regredindo abruptamente há anos. E não me refiro aqui só ao período catastrófico da pandemia não. Em 2015, quando cursei o meu último ano de Letras Português na Universidade Estadual de Montes Claros, conversando com pesquisadores muito capacitados, já percebíamos que os estudantes que passavam nos vestibulares chegavam à universidade com dificuldades da educação básica. Matérias do Ensino Médio precisaram voltar a ser vistas nos primeiros períodos. E isto porque os estudantes estavam se formando sem aprender.
É difícil falar que houve ensino, se não houve aprendizagem. E é difícil, também, falar de mudanças e melhorias sem a preparação para as mesmas. Atualmente já existem muitas tecnologias e metodologias à disposição dos professores, mas raramente vemos um bom uso das mesmas. Tem muito docente que não sabe ligar um datashow ou que não saberia escolher uma música e encaixá-la em um bom e efetivo plano de aula. Passar um filme, por exemplo, sem uma proposta, sem a devida orientação, é tão somente ocupar duas horas do tempo dos meninos, que nada absorverão daquela atividade.
As 35 horas semanais dos alunos em sala têm de ser construtivas, gerar conhecimentos, e não ter somente a premissa de tirar as crianças da rua.
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