VINÍCIOS SANTOS
Professor e Jornalista
Quem me acompanha há mais tempo sabe bem que, de tempo em tempo, eu teço minhas críticas às redes sociais e sobre como a humanidade as têm utilizado. E este texto é mais uma vez sobre isto. Vi um vídeo que lista vários casos em que famosos foram acusados de crimes, “cancelados” por meio das mais diversas redes sociais, tiveram prejuízos financeiros absurdos e, só depois de muito tempo, foram devidamente julgados e inocentados. Porém, os danos às suas carreiras foram e são incalculáveis. É necessário dizer, ainda, que pessoas comuns também podem ser duramente atacadas nas redes, perder seus trabalhos, relacionamentos e entrarem numa profunda depressão.
A prática do “cancelamento” infelizmente se tornou bem comum e tem gerado debates, os quais, sinceramente, são bastante ineficazes, uma vez que basta surgir um novo assunto em alta, uma nova polêmica e lá estão os “juízes dos teclados”, prontos e sempre on-line. As pessoas aparentemente se sentem obrigadas a opinar (sempre tendo razão, é claro) sobre tudo e sobre todos, deixam suas vidas de lado para serem advogados, acusadores e carrascos da vida do outro. Parece que não conseguirão seguir sem deixar públicos os seus pensamentos e achismos.
Entretanto, quantas vezes isto não dá errado? Quantas vezes não acabam prejudicando irreversivelmente uma vida, um relacionamento, uma carreira? No caso dos famosos, preciso ressaltar aqui que os milhões de aspirantes a youtubers, a influencers digitais, assim como as tantas pessoas que fariam absolutamente qualquer coisa por 15 minutos de fama já são, por si só, motivo para desconfiarmos de algumas polêmicas e acusações que surgem todos os dias. Têm famosos dos quais, volta e meia, aparecem filhos não assumidos, supostos herdeiros, que juram estar dizendo a verdade. E é lógico que às vezes de fato estão com a razão, mas não dá para afirmar só porque outros dois mil comentários numa postagem dizem isto.
A cultura do cancelamento é perigosa. Quase sempre está relacionada a crimes muito graves, e podem gerar diversas reações dos internautas, as quais podem até refletir na vida real, como linchamentos e reações hostis. É preciso dizer que temos leis, advogados, e juízes de verdade em nosso país, e todos devem ser considerados inocentes, até que se prove o contrário. Além do que, ainda que haja vídeos ou outra prova irrefutável de que o erro foi cometido, pense: cabe aos internautas julgarem e condenarem a pessoas? A população em geral não tem a qualificação necessária para julgar e não cabe a ela. Se houve o erro, que os responsáveis sejam punidos, conforme a lei, e nada além disso. E que as pessoas se lembrem de que a internet não é “terra de ninguém” não: nela também há leis e você pode sim ser responsabilizado legalmente pelas palavras ofensivas que optar por utilizar.
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