Nesta quarta-feira (4/7), o Museu Regional do Norte de Minas vinculado a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) realizou o lançamento da Exposição Heroínas do Norte de Minas e Heróis Caboclos do artista plástico Marcelo Petrone.
Marcelo Petrone é natural de em Brasília de Minas, e, durante sua infância e adolescência, viveu em algumas cidades norte-mineiras, como Taiobeiras, Salinas, Capitão Enéas e Montes Claros. Durante esse período, estudou na Companhia de Teatro do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandes.
Atualmente morando em Londres, o artista nortemineiro se formou em Arte Abstrata e Pintura de Retratos no Centro de Estudos de Arte Mary Ward Centre e veio a Montes Claros para este lançamento.
Petrone fala das referências que teve pelo norte de Minas e sobre como desenvolveu sua identidade artística ao participar de grupos de teatro e de dança em Montes Claros, junto de artistas como a cantora Aline Mendonça Luz, o bailarino Igor Xavier, o poeta e pianista Alexander Nassau, o pianista Antônio de Lima Júnior, a bailarina e professora Eliana Delfino e o diretor de teatro Ruy Tupinambá entre outros.
“O interesse pelo desenho sempre fez parte de minha prática criativa, mas foi através do convívio com o amigo cantor e maquiador, Emerson Cardoso que o estudo das cores e da estética histórica da moda e da arte se tornaram interesses dos meus estudos”, explica Marcelo Petrone.
Nesta exposição, Marcelo Petrone utiliza em sua prática matérias como carvão, óleo e acrílica, além de escrita e upcycling. O artista tenta alcançar formas revisadas de representação humana em seus trabalhos e em sua abordagem, ao contar histórias por meio das imagens que cria, reimaginando os heróis e as heroínas que fizeram parte da sua formação cultural e linguística, investigando os elementos ricos, coloridos e intrigantes que essas vivências trazem consigo.
“A pintura é um mecanismo que propõe ao espectador uma reflexão sobre nossa cultura e esta série de estudos em técnica mista sobre tela, papel e madeira é o resultado de uma reflexão sobre minhas memórias do Norte de Minas, em especial de Taiobeiras, ao relacionar-me, ainda criança, com pessoas que viviam lá, fossem amigos, comerciantes, trabalhadores ou vizinhos, que, em sua maioria, eram caboclos”.
“As vidas caboclas foram parte integral da minha história em Taiobeiras e muito influenciaram minha expressão artística. Essas experiências manifestavam-se por meio de rituais, com rico sincretismo religioso, superstições, contos, “causos”, festejos e música. Essa reflexão culminou em um desejo de colaborar com os acervos dos registros artísticos dessas pessoas, das suas manifestações culturais e do seu cotidiano”, descreve o artista Marcelo Petrone.
A mistura étnica de povos originários, africanos e europeus desenhou, em Taiobeiras, um território cultural em disputa, e muitos dos protagonistas dessa luta, sobretudo os grupos sertanejos e caboclos, não tinham sua história e suas práticas culturais vastamente registradas de forma figurativa, a não ser nos objetos artesanais de barro, de tecido e de vime, que eram vendidos no mercado do centro da cidade.
O artista conta que sua inspiração veio também das peças artesanais de barro de sua terra natal. “Além das peças de barro, havia outros tantos objetos do mesmo material que se tornaram ícones para mim, como o filtro de água e os potes para acondicionamento de alimentos, as cuias feitas de cabaças, frutas com as mais variadas cores, como o pequi e sua lindíssima flor, a jaca, a seriguela e a manga papo de peru.”
A série é composta por treze trabalhos em técnica mista sobre madeira, dois estudos em óleo sobre papel, e um estudo em técnica mista sobre tela, que foi publicado na seção de arte da revista Vogue britânica (Edição de abril, 2022).
Obras pelo mundo
O artista colaborou com a revista Vogue britânica em um projeto publicado em três edições, nas quais os temas “Racismo na moda” e “Monarquia e Colonialismo” foram abordados. Os trabalhos do artista foram selecionados pela revista devida à pertinência de sua abordagem sobre esses temas, bem como pela riqueza técnica e pela vibrante aplicação de cores utilizada em suas obras.
Petrone visita o belo e o alegre, bem como o sinistro e o grotesco em suas narrativas e em sua obra, que já foi exposta em galerias e shows de Londres e Copenhagen, tendo sido publicada nas prestigiosas revistas Artist Talk Magazine e na Vogue Britânica. A Galeria de Arte Saatchi representa o artista, cuja obra faz parte do acervo de colecionadores em diversos países, como Brasil, Dinamarca, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Portugal e Suíça.
Serviço:
A Exposição é gratuita e está aberta para a visitação até o dia 27 deste mês, de segunda a sexta, das 8h às 18h. O Museu Regional do Norte de Minas funciona na rua Coronel Celestino, 75, centro. (Ascom Unimontes)
