JOYCE ALMEIDA
No mês de junho se celebra o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, sobre o lema Justiça Social Para Todos acabe com o trabalho infantil. A data tem como objetivo impulsionar o combate à prática que afeta crianças em todo o mundo. A Organização Internacional do Trabalho defende a criação de um acordo global por justiça social. A iniciativa terá como uma de suas prioridades, a eliminação do trabalho infantil.
Marinaldo Santos, ativista contra o trabalho infantil, conta a sua experiência tendo trabalhado desde criança. “Comecei a trabalhar com meu pai na roça aos 10 anos de idade. Éramos 10 irmãos dentro de casa e era muito difícil para ele trabalhar sozinho. No interior onde nós morávamos não tinha escola e lá não era muito distante da cidade mas meu pai tinha muito interesse em nos colocar para estudar. Como nós não tínhamos casa na cidade, então nosso dilema era trabalhar e ajudar meu pai na roça. Nós ajudávamos a juntar e quebrar coco para nossa mãe quebrar. E assim ajudar com a despesa da casa”.
Segundo o ativista, quando ele começou a buscar uma vida melhor para sua família, sofreu bastante pois teve sua mão de obra explorada. “Com 16 anos eu comecei a procurar um trabalho melhor para ajudar os meus pais, mas infelizmente fui trabalhar na fazenda e acabei sendo vítima do trabalho escravo duas vezes. Isso foi muito triste e sofrido, ser escravizado e não poder estudar é triste. Eu tenho certeza de que a minha escravidão se deu pela falta de estudo”, relata.
Apesar da exploração sofrida nesse período de sua vida, Marinaldo conta que conseguiu assistência depois de adulto e até começou a estudar. “Atualmente eu trabalho na minha cidade graças a Deus e voltei a estudar. Depois que conheci o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos, tive um acompanhamento muito bacana, e sendo escravizado, eu fiquei muito decepcionado com essa situação. Então quando fui conhecido como escravo, foi uma tristeza muito grande para mim. Eu acho que se começamos a trabalhar desde a Infância e não estudar, podemos sofrer o que eu passei, que foi ser vítima do trabalho escravo”, afirma.
É importante ressaltar que o trabalho infantil é crime e segundo a Lei 8.069/1990, presente no Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibido qualquer trabalho imposto a menores de 14 anos de idade. Também é estabelecido pela Constituição que é proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16, com exceção das condições de jovem aprendiz que são a partir de 14 anos de idade. (Sob supervisão de Stênio Aguiar)
