GIRLENO ALENCAR
A constatação de que a fila da vacinação contra a Covid-19 está sendo desrespeitada em Montes Claros foi criticada pelo padre Antônio Avilmar de Souza, pároco da Igreja de São Pedro Apóstolos, no bairro Morada do Parque e reitor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), durante a missa celebrada sexta-feira à noite, quando ele denunciou que os hospitais Santa Casa e Universitário, em Montes Claros, foram os últimos indicados para receber a vacina da Covid-19, apesar de serem a referência no atendimento aos pacientes desta doença. Citou que nas redes sociais têm pessoas que foram vacinadas, sem estarem na linha de frente. Nessa semana, Montes Claros ocupou o noticiário nacional quando o prefeito Humberto Souto foi vacinado, sem estar na etapa específica e a diretora geral do Hospital Alpheu de Quadros, Socorro Carvalho, adotou a mesma medida.
Bastou a celebração do padre para a Prefeitura reagir. No sábado, saiu o comunicado, informando que “tendo em vista algumas reclamações que vêm ocorrendo, a Secretaria de Saúde de Montes Claros vem prestar os seguintes esclarecimentos: com referência à demora da vacinação contra a Covid-19 nos Hospitais, informamos que foram os próprios Hospitais que pediram um prazo para listarem as pessoas que, dentro da priorização, devessem receber a vacina. Com referência às denúncias de que algumas pessoas teriam sido atendidas sem serem prioritárias, a Secretaria de Saúde constituiu uma comissão de investigação e todas as denúncias serão apuradas, e, se for comprovado descumprimento da ordem, os responsáveis serão punidos”. Na sexta-feira o Ministério Público de Minas Gerais mandou investigar todos os casos no Estado, assim como a Controladoria Geral de Minas Gerais.
Na sua celebração, o padre Antônio Avilmar lamentou que haja pessoas egoístas, que pensam apenas em si mesmas, sempre procurando levar vantagens e que isso pode ser observado na questão da vacinação contra a Covid-19, pois nas redes sociais apareceram algumas pessoas sendo vacinadas, mostrando os cartões e fotos, quando não tem qualquer contato com os pacientes de Covid-19, enquanto a Santa Casa e Hospital Universitário que são referência no atendimento, ficaram nas últimas fileiras para receberem a vacina. Ele explica que assim, um médico do CTI Covid-19 que está ao lado do paciente, fica sem a vacina. Na sua visão, essa é uma situação egocêntrica e perversa e que o mundo está perdendo as balizas éticas.
A denúncia é que Montes Claros mandou aplicar as vacinas nos profissionais de saúde na atenção básica, em detrimento dos médicos e enfermeiros do CTI. Inclusive os profissionais de odontologia foram vacinados. A Prefeitura argumentou que esses profissionais foram colocados na linha de frente do atendimento. No caso da diretora do Hospital Alpheu de Quadros, Socorro Carvalho, a justificativa é que ela estava na linha de frente dos casos de Covid-19.
