Análise: Coudet ostenta muitas certezas diante de um Atlético que pode mais - Rede Gazeta de Comunicação

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Análise: Coudet ostenta muitas certezas diante de um Atlético que pode mais

É fato que os jogadores do Atlético têm desperdiçado muitas oportunidades de marcar. Também é fato que o time tem sido superior aos adversários, mesmo com resultados negativos nas últimas partidas. Apesar disso, o técnico Eduardo Coudet se mostra bastante convicto a respeito do desempenho de uma equipe que, sabidamente, pode render muito mais.

Não é justo buscar um culpado pelo momento oscilante do Atlético – talvez, inclusive, o ato de sempre procurar um bode expiatório seja uma das maiores injustiças da relação do brasileiro com o futebol. De toda forma, é importante identificar as origens para o momento vivido pelo Galo.

O Atlético de 2023 é bastante diferente do eterno time de 2021. Conforme levantamento do Superesportes, 19 dos 32 nomes que compunham aquele elenco, ao fim da temporada mais vitoriosa da história do clube mineiro, seguiram outros caminhos na carreira.

Muitas dessas saídas – e também as suas reposições – foram questionadas pela torcida. De modo geral, boa parte dos atleticanos enxerga um grupo enfraquecido em relação ao que marcou o nome na história do Atlético com o “Triplete Alvinegro”.

Para além da redução no nível de competitividade do elenco, o Galo se vê com opções escassas no ataque – e apenas uma delas com regularidade para decidir jogos: o melhor jogador do time, Hulk.

A escassez ofensiva, que talvez tenha sido o ponto-chave do grande estresse entre Eduardo Coudet e a diretoria do Atlético há algumas semanas, está diretamente relacionada com o momento enfrentado pela equipe dentro das quatro linhas. Há criação de oportunidades, mas também há falta de confiança, erros técnicos e chances desperdiçadas.

Contratação badalada no cenário nacional, Paulinho tem bons números nesse começo de ano, mas pode produzir mais. Por vezes, o camisa 10 se ausenta das partidas e passa longos minutos sem ser acionado. Nos últimos compromissos alvinegros, perdeu grandes oportunidades de marcar.

O substituto imediato para Paulinho (ou até mesmo Hulk) é Eduardo Vargas, que teve mais momentos oscilantes do que de brilho com a camisa preta e branca. O argentino Pavón tem sido frequentemente acionado na linha de três meias. Sem Vargas, as opções são os jovens Isaac e Cadu, que não têm rodagem alguma no profissional.

Passemos aos problemas do campo. É certo que o Atlético sofreu pouco no aspecto defensivo diante do Santos, mas essa não vinha sendo a realidade. A falta de compactação entre os setores, especialmente na transição defensiva (quando o Galo perde a bola), tem sido uma tônica do trabalho de Coudet até então.

Aqui, é importante salientar que o treinador argentino é um dos adeptos da “pressão pós-perda”: simplificando o “tatiquês”, essa estratégia consiste basicamente em uma reação agressiva dos jogadores à perda da bola, com organização e senso de coletividade, para buscar pressionar o adversário e recuperar a posse o mais rápido possível. Não que os adversários criem muitas oportunidades, mas os riscos podem ser ainda mais reduzidos. A bola aérea defensiva também é um dos desafios do trabalho.

As laterais também têm se mostrado como um grande problema. Parte essencial das ideias táticas de Coudet, a ofensividade pelos lados do campo do Atlético tem sido praticamente nula. Nesse sentido, é necessário destacar os maus momentos vividos por Renzo Saravia, Mariano, Rubens e Dodô nesse início de temporada.

Dentro desse cenário, o time de Eduardo Coudet também precisa apresentar mais diante de adversários que jogam com as linhas mais baixas. O empate com o Santos foi um retrato fiel do problema, levando em consideração o fato de que a equipe pouquíssimo produziu na medida em que o Peixe recuou na Vila Belmiro.

Muitos jogadores desse Atlético podem apresentar mais tecnicamente. É fato. Mas também se espera mais, coletivamente, do clube que conta com a terceira maior folha salarial do país.

Três meses de Coudet no Galo

Ainda se trata de um começo de trabalho. Apenas três meses se passaram desde a estreia de Chacho pelo Galo. Internamente, a cúpula alvinegra tenta se desvencilhar de uma amarra cultural do futebol brasileiro, que opta por trocas no comando técnico a cada oscilação.

E com razão. Quais seriam os benefícios de trocar o comando técnico a essa altura? Há muitos nomes melhores – e mais identificados com a identidade de jogo do Atlético – do que Eduardo Coudet no mercado? Um novo treinador conseguiria implementar suas ideias tão rapidamente quanto o calendário exige?

O argentino se apega à produtividade ofensiva, a partir dos números de chances criadas, para apontar evolução. Está correto, em partes: o time vem crescendo. Mas a realidade não é de tamanha organização e brilho, como Chacho faz parecer em suas mais recentes entrevistas coletivas. É fato que a dupla Coudet e Atlético pode apresentar muito mais. Tempo ao tempo. (Superesportes)