Macrorregião de saúde Norte une esforços para diagnosticar e conter a chagas - Rede Gazeta de Comunicação

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Macrorregião de saúde Norte une esforços para diagnosticar e conter a chagas

Com três ações já colocadas em andamento, a macrorregião de Saúde Norte está centrando esforços no controle da doença de Chagas, com a implementação de uma série de atividades de capacitação de profissionais de saúde e desenvolvimento de projetos de rastreamento do agravo.

Ontem (14), Dia Mundial da Doença de Chagas, as referências técnicas das coordenadorias de vigilância epidemiológica e de saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, Nilce Almeida Lima Fagundes e Bartolomeu Teixeira Lopes, destacam a importância da mobilização dos municípios e da população com relação ao diagnóstico precoce da doença, visto ainda constituir um agravo de importância na saúde pública.

“Por ser uma doença silenciosa, não apenas por seu curso clínico lento e, muitas vezes, assintomático, é importante que as pessoas que residem em locais onde o “barbeiro”, principal vetor da doença é encontrado em forma de colônias, mantenham as ações de prevenção, evitando a infestação de residências e outros domicílios. A doença é passível de cura, porém se for diagnosticada precocemente”, alertam as referências técnicas.

Elas lembram que “o Dia Mundial da Doença de Chagas foi instituído com o objetivo de alertar a população para a importância da conscientização sobre o enfrentamento à doença que é endêmica na América Latina e, por estar presente em vários outros países, constitui um problema de saúde global”.

Um levantamento realizado pela SRS de Montes Claros aponta que entre 2021 e o primeiro trimestre deste ano foram notificados 1.362 casos de doenças de Chagas em 54 municípios que compõem a sua área de atuação. Em 2021, foram 509 casos notificados. No ano passado os casos registrados aumentaram para 781. Já nos primeiros três meses deste ano foram notificados 72 casos positivos para a doença.

Todos os 54 municípios têm pelo menos um caso notificado de Chagas nos últimos anos, mas os que apresentam maior quantidade são: Montes Claros (365); Espinosa (244); Mato Verde (105); Monte Azul (101); Catuti (89); Francisco Sá (42); Nova Porteirinha (40); Fruta de Leite (37); Janaúba (31) e Porteirinha (30).


Projeto destaca importância do diagnóstico precoce da doença de Chagas

Em relação à região, a coordenadora de vigilância em saúde da SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes destaca a implementação de dois projetos com foco no diagnóstico precoce da doença de Chagas. Um deles é o Projeto Cuida Chagas – Comunidades Unidas para a Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas. Trata-se de uma iniciativa internacional que contempla em caráter pioneiro os municípios de Janaúba e Montes Claros. O objetivo é testar, tratar e cuidar de pessoas diagnosticadas com a doença na América Latina.

O projeto é implementado pelo Instituto Nacional de Infectologia (INI), integrante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Até 2025 o Instituto pretende consolidar modelos de implementação para a doença de Chagas, incluindo a utilização de testes rápidos eficazes para o diagnóstico e formas de tratamento de pacientes.

Por meio da SRS de Montes Claros a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está envolvida na implementação do Projeto, que conta com a participação da Fundação para o Desenvolvimento Científico Tecnológico Saúde (Fiotec), que atua em parceria com instituições de saúde sediadas na Bolívia, Colômbia e Paraguai. A iniciativa envolve ainda a Aliança Global para Diagnósticos (FIND), com financiamento da Unitaid, agência global ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS) e cofinanciado pelo Ministério da Saúde.

Já os municípios de Espinosa e Porteirinha, também integrantes da área de atuação da SRS, receberam em fevereiro deste ano equipes técnicas da SES-MG, do Ministério da Saúde e da Fiocruz, visando a implementação do Projeto Integra Chagas Brasil. As duas localidades estão entre os cinco municípios prioritários para a execução do projeto estratégico, que tem o objetivo de ampliar o acesso da população à detecção e tratamento da doença de Chagas crônica nos serviços de atenção primária à saúde.

Em caráter pioneiro, a Fiocruz utilizará o Kit NAT Chagas, teste diagnóstico molecular desenvolvido desde 2012 e aprovado no ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Integra Chagas é coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas em parceria com a Universidade Federal do Ceará. Além de Espinosa e Porteirinha, a iniciativa contemplará os municípios de São Desidério, sediado na Bahia; Iguaracy, em Pernambuco; e São Luiz de Montes Belos, em Goiás.

Ainda na mesma região, o município de Monte Azul é uma das 106 localidades selecionadas no estado para a implementação de um projeto piloto de rastreamento da doença de Chagas por meio da realização de exame de Eletrocardiograma (ECG). Iniciado em março de 2023, tem à frente pesquisadores do Centro São Paulo-Minas Gerais para Tratamento da Doença de Chagas (SaMI-Trop) e tem como um dos objetivos validar uma ferramenta de inteligência artificial capaz de permitir o rastreamento da doença de Chagas crônica, através da identificação de alterações sugestivas no eletrocardiograma.

A referência técnica da Coordenadoria de Atenção à Saúde da SRS de Montes Claros e uma das pesquisadoras do SaMI-Trop, Renata Fiúza Damasceno explicam que, num prazo de dois anos, a previsão é de que o projeto envolva 2,5 mil pessoas residentes em municípios do Norte de Minas e da região de Divinópolis.

“Todos os pacientes que realizarem exame de eletrocardiograma terão os laudos analisados por sistema de inteligência artificial. Quando forem identificadas alterações sugestivas para a doença de Chagas um sistema de alerta informará esse resultado aos serviços de vigilância epidemiológica dos municípios de residência dos pacientes. A partir daí o município deverá proceder a busca ativa do paciente para a coleta de sorologia e encaminhamento de material para análise no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte. Se confirmado o resultado positivo para Chagas, o município deverá realizar a notificação no Sistema de Agravos de Notificação (Sinan) e ofertar ao paciente o tratamento antiparasitário, além de acompanhamento médico”, explica a referência técnica.

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes avalia que “todos os projetos, por envolver instituições de reconhecida atuação na área de infectologia e pesquisadores que têm se dedicado ao estudo da doença de Chagas, tem condições de proporcionar grandes avanços no diagnóstico precoce e tratamento de pessoas acometidas por esse agravo de importância para a saúde pública. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhores condições os serviços de saúde terão para assistir os pacientes, garantindo-lhes qualidade de vida e tratamento adequado”.

Mobilização

Desde ontem (14), vários municípios da região realizaram ações de mobilização da população com foco na prevenção contra a doença de Chagas. Em Verdelândia, a fisioterapeuta e referência técnica do projeto SaMI-Trop, Bruna Mariel Matos Pereira explica que profissionais de saúde vão ministrar palestras sobre a doença em escolas da zona rural, incluindo as espécies de barbeiros transmissores do agravo.

No próximo dia 28, a Secretaria Municipal de Saúde realizará, na praça Dr. Carlos, o “DIA D” contra a doença de Chagas. Profissionais de saúde farão coleta de amostras da população para análise no laboratório da Funed, entre outras ações de educação em saúde.  (Ascom SES-MG)

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