Piscicultores de Bocaiuva passarão a contar com frigorífico próprio para abate de peixes
Os piscicultores de Bocaiuva estão conquistando cada vez mais espaço com a ajuda do Sistema Faemg Senar. No segundo ano do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG, produtores conseguiram otimizar técnicas e manejos, reduzir custos operacionais, organizar a cadeia produtiva na região e, com isso, conquistaram, por meio de parceiros, a instalação de um frigorífico próprio para abate dos peixes.
A atuação e incentivo regional, que abrange ainda produtores de municípios vizinhos, como Guaraciama e Olhos-d’ Água, tem ocorrido por meio do trabalho conjunto do Sindicato dos Produtores Rurais de Bocaiuva, Associação de Piscicultores do Portal do Norte, Sistema Faemg Senar, além de outras entidades, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paraíba (Codevasf).
“Esse somatório de esforços e parceiros são pilares de sustentação para que essa nova atividade dê certo na região, que gere condição de renda e emprego para o Norte de Minas. Especificamente sobre o ATeG, quando vem uma assistência técnica faz com que nos tornamos mais competitivos, nos coloca de maneira melhor no mercado. Por isso, as perspectivas são as melhores possíveis com a piscicultura”, destaca Herciliano Carneiro, piscicultor e presidente da Associação de Piscicultores.
Técnica e gerenciamento em campo
Herciliano Carneiro lembra que há três anos a piscicultura não tinha relevância na região pela dificuldade que muitos produtores rurais tinham em iniciar ou manter a atividade, que ainda era conduzida de forma amadora. Foi quando eles entenderam a necessidade de organizar os piscicultores para uma atuação mais técnica e com melhor gerenciamento do negócio. Atualmente, há cerca de 60 piscicultores na região, sendo que mais da metade são pequenos negócios, são da agricultura familiar.
O técnico de campo do Sistema Faemg Senar, Danniel Ruas Abreu, que dá assistência aos produtores, explica que foi feito um diagnóstico inicial em que o gerenciamento da produção e a comercialização foram identificados como os dois principais gargalos da atividade.
“Fizemos uma matriz das fraquezas e oportunidades dos produtores. A maioria estava na informalidade, sem licenças ambientais, sem registro dos peixes nos órgãos competentes, sem algumas outorgas. Eles foram instruídos a regularizar tudo isso. Com essa adequação, caminhamos para suprir uma das maiores dificuldades que era para fazer a venda dos peixes. Até então, o custo operacional da atividade estava alto, porque atuavam de maneira informal”, explica o técnico de campo.
Frigorífico e investimentos para a expansão de negócios
Com os primeiros resultados aparecendo de forma rápida, especialmente na organização gerencial dos empreendimentos, muitos produtores rurais passaram a enxergar ainda mais o potencial da atividade, o que foi reforçado com o anúncio da instalação de um frigorífico próprio.
A expectativa é que o funcionamento se inicie ainda neste ano, com a capacidade de abater cerca de uma tonelada de peixes por dia. Para atingir esse estágio, foi feito um estudo de viabilidade econômica por meio de um curso do Senar Minas, que traçou um plano de ação para os investimentos na piscicultura e ajudou a entender a quantidade de peixes ideal para a nova demanda. Até então, o abatedor mais próximo fica a cerca de 300 km da região de Bocaiuva.
“Toda a estrutura gerencial que trabalhamos com os produtores foi importante para chegar neste estágio e agora para concorrer com quem já atua no mercado. O ATeG teve papel fundamental nesta organização, porque fomentou a atividade e ajudou torna-la mais popular na região. Hoje, temos a garantia de comercialização segura, o que vai ajudar a conquistar novos mercados. Estamos iniciando uma cadeia produtiva na região e o resultado do ATeG é ainda mais valioso por conta dessa regulamentação da atividade junto aos produtores”, finaliza Danniel Ruas.
O empresário Fernando Augusto Krusemark Brandão é um dos piscicultores que recebe orientação do Programa ATeG e espera a chegada do frigorífico para maior valorização da produção local. Ele iniciou na atividade há pouco mais de um ano, incentivado pelos amigos para aproveitar o espaço de um sítio como opção de fonte de renda. Para a primeira recria de tilápias, que ele abateu, foi preciso achar um comprador com frigorífico em outra cidade, o que desvalorizou um pouco a carga.
“Ainda não atingi o que é possível, mas a expectativa com o frigorífico é boa, saindo do papel melhora o cenário. Nessa primeira recria, quando chegou na época de venda dos peixes, tive dificuldades. Eles já estavam prontos para serem comercializados e, para não ter mais prejuízos, pois gasto cerca 25kg de ração por dia, precisei aceitar a venda para um frigorífico em outra cidade. A orientação técnica do Sistema Faemg Senar tem sido muito importante para melhorar o manejo. Agora precisamos aprimorar as estratégias de mercado”, analisa Fernando Augusto.
Entre as espécies criadas na região, estão a tilápia, o tambaqui e o pintado real. No início do ano, por meio da Codevasf, foram doados 17 mil alevinos aos piscicultores atendidos pelo ATeG na região, mantendo a perspectiva de crescimento do segmento.
“Já temos muitos interessados em entrar na associação e também em ser atendido por uma nova turma de ATeG. Estamos fortalecendo e fomentando a atividade. Além do frigorífico, já é intenção construir uma fábrica de ração para amparar os pequenos produtores. É um projeto de curto, médio e longo prazo”, finaliza Herciliano Carneiro, piscicultor e presidente da Associação de Piscicultores. (RICARDO GUIMARÃES – Colaborador)
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