Atentado histórico passa em branco e completa 93 anos em Montes Claros - Rede Gazeta de Comunicação

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Atentado histórico passa em branco e completa 93 anos em Montes Claros

Hoje completa 93 anos do atentado ocorrido em Montes Claros, quando a comitiva comandada pelo vice-presidente Fernando Melo Viana foi atacada, em evento que o Jornal o Globo apontou como início do golpe de 1930, o qual culminou na posse de Getúlio Vargas, como presidente da República – onde ele ficou por 15 anos. A data passa despercebida e está caindo no esquecimento.

O processo deste caso foi digitalizado e está no acervo da Universidade Estadual de Montes Claros, depois de amplamente estudado pela professora Maria de Fátima Gomes Lima do Nascimento. A montes-clarense dona Tiburtina, na época esposa do líder João Alves, foi acusada de comandar o ataque.

A professora Maria de Fátima Gomes Lima do Nascimento, em seu estudo, cita que “Tiburtina de Andrade Alves, desconhecida na história de Montes Claros-MG, até 1902, ganhou notoriedade político-social entre 1902 – 1930, principalmente após o 06 de fevereiro de 1930, quando foi acusada pelos partidários locais da Concentração Conservadora – Os Camilistas – de tentar assassinar o Dr. Fernando de Mello Vianna e o Dr. Manoel Thomaz Carvalho Britto. O primeiro, vice-presidente da República e candidato ao governo de Minas, e o segundo, chefe nacional da Concentração Conservadora. A partir desse momento, Tiburtina passou a ser descrita na tradição oral, nos jornais, por ocasião do atentado ao vice-presidente da República, Mello Vianna, em 1930, e hoje faz parte da tradição oral, folclórica e historiográfica local”.

Ela enfatiza que, “por outro lado, era admirada, venerada, influente e fascinante. Fascinação que não era comum às mulheres da época, por lhes atribuírem apenas papéis normativos, mãe, dona-de-casa e esposa, não admitindo sua participação na vida política e social do país. A vivência cotidiana de Tiburtina permitiu-lhe lançar luz sobre sua condição político-social e desempenhar papéis que, até o presente momento, era ocupado somente pelos homens. Tiburtina foi um ícone de mudança na ordem estabelecida na esfera político social de Montes Claros e, portanto, carece ser interpretada e analisada através de um novo olhar, de uma nova leitura, dentro de um contexto de transição, momento no qual, o Brasil passava da chamada “República Velha” ou Primeira República ou ainda República Oligárquica, onde, segundo Vavy Pacheco Borges, “classes conservadores [viam] seus interesses contrariados” para a “Nova República”, que era, segundo Borges: “o momento de ampla redefinição que o país vive após outubro de 30 motiva[da] [pela] intensa luta política pró ou contra qualquer posição entre os grupos que objetivavam o encaminhamento das mudanças(…)”. A professora cita que “os meios de comunicação, principalmente os jornais locais, estaduais e nacionais, aliados à Concentração Conservadora, iniciaram uma verdadeira “guerra” de palavras contra Montes Claros. Periódicos cariocas como “O Paiz” e “O Jornal” estampavam sempre em primeiras páginas, manchetes como: “O INNOMINAVEL ATTENTADO DE MONTES CLAROS – Nem só a nação, pelos seus mais lídimos interpretes, mas até representantes de países estrangeiros nesta capital profligam a brutal chacina. O grande comício de protesto promovido pela maioria das forças políticas do Distrito. O Sr. vice-presidente da República continua a melhor. Outros informes: “A força federal garantia os amigos em emergência – diz o Sr. Carvalho Britto, em telegrama circular, aos seus correligionários. (GA)