GIRLENO ALENCAR
O ministro da Agricultura, Marcos Montes, anunciou na manhã ontem (19), em Montes Claros, a celebração de acordo de cooperação técnica com o estado para atender o semiárido de Minas Gerais, especificamente o Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. O evento foi realizado no Parque de Exposições com a presença do governador Romeu Zema. O curioso é que ontem o estado anunciou uma ação conjunta entre a Emater e Embrapa para milho e sorgo e da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), para garantir uma produção agropecuária contínua mesmo em condições climáticas adversas nos Vales do Jequitinhonha e Alto Rio Pardo. A região tem baixos índices pluviométricos e temperaturas elevadas, o que dificulta a exploração agropecuária. Diante desse problema, surgiu o projeto “Socialização do Conhecimento em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária”, que busca promover o desenvolvimento agropecuário sustentável na região com o uso de tecnologias e cultivares adaptadas ao semiárido.
O trabalho começou com a implantação de unidades demonstrativas. Atualmente, existem quatro unidades na região, que estão localizadas nos municípios de Padre Paraíso, Pontos dos Volantes, Rubim e Bandeira. “A importância dessas unidades é ver na prática os resultados do uso dessas tecnologias na região. E daí mostrar aos outros produtores locais os benefícios”, explica o coordenador regional de Bovinocultura da Emater-MG, Robspierre Ferraz.
Nas unidades demonstrativas são disponibilizadas alternativas viáveis, principalmente para a produção de forragens para a pecuária bovina. “Sem alimentação no período seco, o produtor, muitas vezes, acaba perdendo o gado e tendo um enorme prejuízo. Então é fundamental que o criador tenha um bom volume de silagem disponível. Assim, a atividade se torna mais eficiente e dá para garantir a geração de renda durante todo o ano”, comenta o coordenador.
O produtor José Sérgio Sicupira explora a atividade de bovinocultura leiteira na Fazenda Jenipapo, em Ponto dos Volantes, e aceitou participar do projeto em 2018, transformando sua propriedade numa unidade demonstrativa. Lá foi utilizada a Integração Lavoura-Pecuária (ILP), aliada à escolha de cultivares adaptadas ao semiárido.
Também foram implantadas práticas de conservação de solo e água, com o plantio consorciado de duas cultivares de sorgo (sorgo BRS 658 e Volumax) e dois tipos de capim (Braquiária BRS Paiaguás e Panicum Massai). Os dois consórcios de sorgo e braquiária obtiveram uma produtividade média acima de 22 toneladas por hectare.
Além disso, foram construídos terraços nas áreas de recuperação de pastagem, cuja declividade do solo apresentava processo erosivo, permitindo assim retenção de sólidos e a infiltração de água para a recomposição do lençol freático. “Estou muito satisfeito, pois agora tenho comida para os animais e ainda consegui aumentar o número de cabeças. Além disso, estamos recuperando as terras que estavam em processo de desertificação. Com orientação dos técnicos, aprendi muita coisa”, conta o produtor.
Para implantação das lavouras de sorgo e capins adaptados à região semiárida, a Embrapa Milho e Sorgo disponibilizou as sementes, a análise de solo e adubos. As máquinas para implantação da lavoura foram do próprio produtor e as máquinas para fazer os terraços foram disponibilizadas pela prefeitura. Já os insumos da cultura foram custeados pelo produtor. Os profissionais da Emater-MG fizeram o acompanhamento técnico do projeto. Demais recursos são provenientes da Anater e das associações regionais de municípios
“A qualidade das pastagens melhorou muito e a erosão diminuiu. Além disso, o produtor conseguiu baixar muito os custos da atividade leiteira, pois não precisa mais comprar silagem”, argumenta o extensionista da Emater-MG em Ponto dos Volantes, Cristiano de Moura. O técnico diz que na região as novas cultivares e tecnologias implementadas têm tido uma boa aceitação, a maior dificuldade tem sido a falta de maquinário. “Em Ponto dos Volantes, os produtores têm feito parcerias e cada um empresta o equipamento que dispõe. Essa cooperação mútua tem ajudado bastante”, explica Cristiano.
O projeto “Socialização do Conhecimento em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária” tem ainda como parceiros o Instituto Federal Norte de Minas Gerais-Campus Almenara, o Sebrae, o Senar, a Nova Associação dos Municípios da Microrregião do Baixo Jequitinhonha (Nova Ambaje), a Associação dos Municípios do Médio Jequitinhonha (Ameje), o Consórcio Público Multifinalitário do Alto Rio Pardo (Comar) e a EPAMIG.
Reunião discute ações em prol do Semiárido mineiro
Cerca de 1 mil produtores rurais do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha se reuniram ontem, em Montes Claros, no Centro de Eventos do Parque de Exposições João Alencar Athayde, para o evento promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O ministro do Mapa, Marcos Montes, o vice-presidente de Secretaria do Sistema Faemg, Weber Bernardes, e o diretor técnico da Faemg e superintendente do Senar Minas, Christiano Nascif, participaram. O foco do encontro foi apresentar ações desenvolvidas em prol do Semiárido mineiro. Na programação, debates e apresentações dos resultados alcançados na região e que geraram impacto para milhares de produtores rurais.
O Ministério apresentou os resultados das ações desenvolvidas pelo governo federal nos últimos quatro anos, além de realizar a entrega de títulos de terra e crédito aos produtores rurais. Ainda entregou certificados de mérito aos produtores que se destacaram no Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) e no Programa AgroNordeste, desenvolvido pela Faemg em parceria com os sindicatos rurais regionais. Os programas são destinados a pequenos e médios produtores das classes D e E da região.
“É de extrema importância esse evento para podermos reunir estes produtores rurais e parceiros. As ações que o governo federal e a Faemg trazem para o produtor rural, como é o caso das capacitações, mostram que não existe mais espaço para o amadorismo, que é preciso transformar este produtor em empresário rural. E aqui temos importantes frutos neste sentido, especialmente por meio do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG, que mudou a realidade do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha”, explica o gerente regional da Faemg, Dirceu Martins.
Ele ainda conta que os produtores rurais devem utilizar as técnicas do programa ATeG para melhorar os resultados no semiárido mineiro. “Precisamos, cada vez mais, atuar com técnica, orientação e conhecimentos para tratar a resiliência climática. Porque é possível conviver com a seca e produzir bem. Mas para isso, é preciso exatamente de informação, conhecimento e tecnologia para os produtores rurais aumentarem a renda, qualidade de vida e gerar o desenvolvimento do agronegócio”, pondera Martins.
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