Apicultura da região é desenvolvida com o suporte da Codevasf - Rede Gazeta de Comunicação

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Apicultura da região é desenvolvida com o suporte da Codevasf

O mel de aroeira do Norte de Minas Gerais recebeu neste mês registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem. O selo, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), agrega valor à produção da região e garante a originalidade do produto em relação a suas qualidades específicas.

A cadeia produtiva da apicultura na região recebe o apoio de instituições como Codevasf, Funed, Banco do Nordeste, Sebrae, Unimontes e associações de apicultores, entre outras.

A Codevasf auxilia os produtores da região na estruturação de suas atividades e na capacitação dos apicultores. “Estamos extraindo um produto diferenciado numa região seca, e mantendo a floresta em pé. A partir dessa Indicação Geográfica esperamos que novos mercados sejam acessados e que o apicultor seja recompensado”, afirma o superintendente regional da Codevasf em Minas Gerais, Marco Câmara.

No contexto da certificação, a Codevasf deu suporte à realização de pesquisa que identificou características específicas do mel de aroeira e providenciou a coleta do mel em mais de 56 municípios da região, para realização das análises e identificação da região produtora.

Segundo o presidente da Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), Luciano Fernandes de Souza, a motivação para a busca do registro surgiu após a realização de estudos que comprovaram o potencial terapêutico do produto. “O mel de Aroeira da região é diferente, escuro e tinha pouco valor agregado, mas as pesquisas de caracterização comprovaram grande presença de compostos fenólicos com ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana, resultando num produto diferenciado entre os méis produzidos no Brasil.”, explica.

A conquista do registro é um avanço importante nessa caminhada, que vem desde a década de 1980, quando a Emater-MG iniciou a implantação da apicultura no Norte de Minas. “Sempre estivemos na linha de frente no campo, construímos os primeiros projetos, capacitações dos produtores, instalamos as primeiras colmeias e ajudamos na instalação das primeiras casas de mel e entrepostos”, relembra o gerente regional da Emater-MG de Montes Claros, José Arcanjo Pereira.

Fazem parte da região reconhecida com a Indicação Geográfica 64 municípios, que estão inseridos em uma área de transição entre o Cerrado e a Caatinga, com clima árido e poucas chuvas. Isso contribui para a adaptação de plantas como a aroeira-do-sertão.

Mel de Aroeira

O assessor técnico especial da Apicultura da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Frederico Ozanam de Souza, explica que o mel de Aroeira recebe este nome porque as abelhas retiram o néctar da planta Myracrodruon urundeuva, um tipo de aroeira, vegetação predominante em regiões de mata seca, caracterizadas pelo clima árido e precipitação anual baixa, além de solos com baixa acidez e altas quantidades de cálcio.

“Além disso, outro fator natural que contribui para as características deste mel é a associação com insetos psilídeos, conhecidos como pulgões, em suas folhas e flores. Ao polinizar a aroeira-do-sertão, as abelhas coletam um néctar misturado às secreções fenólicas e à secreção excretada pelos pulgões. Todo esse processo favorece a produção de melato, uma substância que não está presente nos méis produzidos a partir de outras espécies vegetais, enriquecendo e conferindo qualidades únicas ao mel de aroeira da região. Outro ponto importante é o modo de fazer dos apicultores, que proporcionam a produção de um mel com qualidades e características oriundas do meio geográfico”, detalha o assessor técnico da Seapa.


Certificação da qualidade do mel auxiliará na inserção do produto em novos mercados

SEPA/ DIVULGAÇÃO

Em razão de suas qualidades, atualmente o mel de aroeira tem valor de mercado médio 40% superior ao do mel silvestre. O volume de mel produzido no Norte de Minas é de cerca de 1.000 toneladas por ano, e o mel de aroeira responde por aproximadamente 40% desse total. A apicultura é fonte de emprego e renda para aproximadamente 1,5 mil famílias, somando quase de 5 mil pessoas envolvidas na atividade. A certificação auxiliará na inserção do produto em novos mercados no Brasil e no exterior.

Além da expectativa de valorização com o registro, outros benefícios são esperados a partir desta nova etapa como o acesso aos mercados internacionais, a exemplo dos EUA e países da União Europeia, tradicionais consumidores de produtos de alto valor agregado. Há, ainda, o impulso a outras atividades como o turismo regional, além dos aspectos ambientais com a preservação da mata de aroeira.

“Até então era simplesmente um sonho que a gente tinha”, afirma o apicultor Francisco de Paula Malveira, do município de Claro dos Poções. Há 25 anos na atividade, o produtor tem no mel a sua principal fonte de renda. O volume anual de duas toneladas é dividido entre 1,5 tonelada de mel de Aroeira e o restante de silvestre. “É uma conquista exclusiva do Norte de Minas e onde o nosso mel chegar todos saberão que é da região”.

Doação de Kits

Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento dos produtores e da atividade apícola, a Secretaria de Agricultura adquiriu e doou kits de apicultura para os municípios de Ibiaí, Ponto Chique e Lagoa dos Patos, localizados no Norte de Minas e também integrantes da região reconhecida como produtora de mel de Aroeira.

Cada kit apícola é composto por colmeias completas para apicultura com suportes para caixa de colmeia, cera de abelha tipo alveolada, equipamentos de proteção individual (macacão para captura de abelhas, luvas para segurança e calçados de segurança), fumigadores, carretilhas, formões e garfos desoperculadores para apicultura.

A ação da Seapa contribui para a valorização, crescimento da produtividade e qualidade do mel, indicadores que estão diretamente ligados ao uso de materiais e equipamentos adequados e de qualidade, aos quais boa parte dos apicultores mineiros têm dificuldade de acesso. (Com informações da Codevasf e da Seapa)