GIRLENO ALENCAR
Numa ação conjunta da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais e do Ministério da Saúde, Montes Claros sediará amanha (16) e quarta-feira, uma capacitação sobre leishmaniose tegumentar e visceral. O evento será realizado no auditório do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário da Área Mineira da Sudene (Amams) e será aberto à participação de médicos, enfermeiros, biomédicos e bioquímicos. Além de informações específicas sobre a doença, a capacitação abordará de forma prática a análise e o diagnóstico laboratorial da leishmaniose e a inserção do Norte de Minas no Programa Nacional de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, que já foi iniciado em Montes Claros.
A coordenadora de vigilância em saúde da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS), Agna Soares da Silva Menezes explica que a leishmaniose é uma doença infecciosa grave, sistêmica e que pode causar a morte de pessoas se não for tratada. No meio urbano, o principal reservatório da doença são os cães. “No Norte de Minas a leishmaniose é descrita desde a década de 1940. A partir dos anos 1980 a doença se expandiu para o ambiente urbano, sendo transmitida por meio de cães infectados pelo vetor Lutzomyia longipalpise, conhecido popularmente como mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros”, lembra a coordenadora.
Os principais sintomas são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular e anemia. Apesar de grave, a leishmaniose visceral tem tratamento gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
A leishmaniose visceral é uma doença de notificação compulsória. A partir de todo caso suspeito se torna obrigatória a investigação, com a avaliação do paciente e a realização dos exames que possam confirmar o caso, bem como desencadear ações ambientais para o controle da doença. No Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria, em Montes Claros, é a unidade de referência para tratamento de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral.
Para a realização de exames os pacientes residentes em Montes Claros são encaminhados para a Policlínica do bairro Alto São João, onde é feita coleta de sorologia. Nas demais localidades esse procedimento é de responsabilidade das secretarias municipais de saúde. As amostras são encaminhadas para análise no Laboratório Macrorregional da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG), sediado em Montes Claros.
O coordenador de vigilância epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde, Valdemar Rodrigues dos Anjos destaca que o objetivo do seminário será repassar aos profissionais de saúde informações atualizadas sobre as leishmanioses visceral e tegumentar.
Primeiro dia da formação é voltada para médicos e enfermeiros
A programação do dia 16, será aberta às 8h30 pela referência técnica da SRS de Montes Claros, Arlete Lisboa Gonçalves apresentando dados epidemiológicos da leishmaniose tegumentar no Norte de Minas. Em seguida os técnicos do Ministério da saúde, Lucas Edel Donato e Kathiely Martins dos Santos farão apresentações sobre o diagnóstico clínico, laboratorial, tratamento, medidas preventivas, desafios e perspectivas da leishmaniose tegumentar.
Na parte da manhã a programação será encerrada pela referência técnica do Laboratório Macrorregional, Clarissa Fernandes Gomes que falará sobre coleta e armazenamento de amostras para o diagnóstico da leishmaniose. Às 13h30 o seminário será retomado com apresentação de dados epidemiológicos sobre a leishmaniose visceral. Na sequência o médico Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho, do Hospital Universitário Clemente de Faria, fará apresentação sobre o diagnóstico clínico e laboratorial da leishmaniose visceral, tratamento, critério de cura e medidas preventivas para evitar a proliferação da doença.
Paralelo ao repasse de orientações a médicos e enfermeiros, o seminário terá capacitação prática para biomédicos e bioquímicos, preferencialmente para os que são efetivos nos serviços de saúde dos municípios. Os profissionais receberão orientações sobre a análise e diagnóstico laboratorial da leishmaniose. O treinamento será ministrado pelas referências técnicas, Núbia Ferreira da Silva e Josiane dos Santos na Policlínica da Prefeitura de Montes Claros, na avenida Floriano Neiva, S/N, bairro Alto São João, e no Laboratório Macrorregional da SES-MG, situado na avenida Carlos Ferrante, 435, bairro Edgar Pereira.
Aproveitando a realização do seminário o técnico do Ministério da Saúde, Lucas Edel Donato participará de encontro com profissionais de saúde dos municípios de Montes Claros, Francisco Sá, Jaíba, Grão Mogol e Fruta de Leite que estão entre as primeiras 132 cidades do país selecionadas para a implementação da primeira etapa do Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. Nesta primeira fase o Programa está sendo executado em municípios que, nos últimos três anos, apresenta alta, intensa ou muito intensa transmissão da leishmaniose visceral.
Por meio de estudos de intervenção controlado e multicêntrico realizado em 2010 em 14 municípios do país, entre eles Montes Claros, o Ministério da Saúde concluiu que a proposta de incorporação de coleiras impregnadas com inseticida (deltrametrina a 4%) para o controle da leishmaniose visceral foi responsável pela redução de 50% da prevalência da doença em cães. A coleira tem ação repelente contra o mosquito responsável pela transmissão do parasito da leishmaniose visceral. O insumo é de uso exclusivo em cães a partir de três meses de idade e deve ser trocada a cada seis meses. Nos municípios selecionados na área de atuação da SRS de Montes Claros a previsão é de que, em quatro anos, 25 mil animais serão monitorados por meio do encoleiramento. (GA)
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