75 anos de Fraternidade Ecumênica - Rede Gazeta de Comunicação

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75 anos de Fraternidade Ecumênica

Paiva Netto

Jornalista, radialista e escritor

Ao raiar de 2025, a fraterníssima Legião da Boa Vontade completa 75 anos de profícua existência. Mais de sete décadas ao lado do povo, ajudando-o a suplantar as mais árduas pelejas da vida. Nascida na cidade do Rio de Janeiro, em 1o de janeiro (Dia da Paz e da Confraternização Universal) de 1950, pela genialidade do saudoso jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), a LBV tem como logomarca um coração azul, entrelaçado por 34 elos – referência ao número do versículo do capítulo 13 do Evangelho de Jesus, segundo João: “Amai-vos como Eu vos amei”. Nela ainda se lê o Cântico dos Anjos aos pastores no campo, quando do nascimento do Salvador dos Povos: “Paz na Terra aos de Boa Vontade”  (Boa Nova, segundo Lucas, 2:14). É o símbolo maior de sua atuação solidária e ecumênica, quer dizer, universal.

A comemoração dessa data deu-se graças à Proteção Divina e ao apoio popular. Vem deles a força motriz que levou a Instituição, no Natal de 2024 a cumprir o desafio, lançado por ela mesma, de distribuir, em todo o Brasil, mais de 40 mil cestas de alimentos. Isso sem contar os seus serviços e programas socioeducacionais, pautados pela Pedagogia do Afeto (direcionada para crianças de até 10 anos) e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico, que asseguram diariamente um padrão de qualidade nas ações voltadas aos adolescentes, jovens, adultos e idosos atendidos em nossas unidades espalhadas pelo território nacional e também no exterior.

Meus sinceros agradecimentos às Amigas e Amigos de Boa Vontade, colaboradores da Legião da Boa Vontade, por contribuírem para a realização de mais um Natal sem fome para as camadas mais sofridas de nossa sociedade. A todos, dedico estas palavras do Cristo, em Seu Sermão da Montanha (Santo Evangelho, segundo Mateus, 5:7):

— Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão a misericórdia!

Aplacar a tempestade

Em Jesus e a Cidadania do Espírito (2001), escrevi:

Diante das mais distintas situações, em que a dor e o sofrimento chegam, muitas vezes sem avisar, é imprescindível o gesto solidário das criaturas em prestar socorro material e, sobretudo, espiritual ao próximo. E, ao lado desse apoio imediato, é preciso alimentar a força da esperança e da Fé Realizante, que levam o ser humano a se manter sob a proteção do Pai Celestial e o estimulam a arregaçar as mangas e concretizar suas mais justas súplicas.

Nos desafios da existência, recordemos sempre as palavras de conforto e ânimo renovados de Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, constante do Seu Santo Evangelho, segundo Mateus, 8:23 a 27; Marcos, 4:35 a 41; e Lucas, 8:22 a 25. A seguir, o texto da Boa Nova unificado por Wantuil de Freitas (1895-1974):

— Aconteceu que, num daqueles dias, Jesus tomou uma barca, acompanhado pelos Seus discípulos; e eis que se levantou no mar tão grande tempestade de vento que as ondas cobriam a barca, enquanto Jesus dormia na popa, sobre um travesseiro. Os discípulos O acordaram aos brados, dizendo: “Salva-nos, Senhor, nós vamos morrer!” E Jesus lhes respondeu: “Por que temeis, homens de pequena fé?” Então, erguendo-se, repreendeu os ventos e o mar; e se fez grande bonança. Aterrados e cheios de admiração, os discípulos diziam uns aos outros: “Afinal, quem é Este, que até o vento e o mar Lhe obedecem?”

Enfrentar e vencer as tormentas

O que tem sido a vida humana, para muitos, a não ser o atravessar de procelas, que devemos vencer, não fugindo delas? Vejamos o exemplo na própria náutica. Durante uma tempestade com vagalhões, o comandante embica a proa do navio na direção das vagas, se ele, surpreendido pela tormenta, não pôde fugir dela. Não vira para o lado, não dá às vagas os seus costados. Senão, o barco corre o grave risco de adernar e até submergir. Assim cada um de nós tem de ser. Enfrentar as intempéries do cotidiano com o potente navio que o Celeste Navegador nos oferece, que é o nosso corpo, conduzido pelo Espírito, mesmo quando nos sentimos enfermos. Encarar a tempestade e vencê-la, derrubadas as ilusões da vida. Porque aí é possível sonhar com um mundo melhor. Iludirmo-nos é que não podemos. E, no instante em que o temporal estiver mais forte, a ponto de pensarmos que soçobraremos — ou, o que é pior, acharmos que o Competente Comandante está distraído, descansando —, tenhamos a certeza de que o Divino Timoneiro não dorme. Jesus sempre se encontra vigilante, pronto a orientar a Sua tripulação, indicando-lhe novas viagens pelo planeta inteiro, esperando que ela mostre a sua capacidade e perseverança.

“Por que temeis, homens de pequena fé?”

Assimilemos o quanto antes essa reprimenda justa de nosso Senhor e Mestre, pois, de qualquer forma, na hora certa, Ele vai erguer-se, repreender os ventos e o mar, e far-se-á paz nos corações.

Renovação da Esperança

Em As Profecias sem Mistério (1998), defino o Natal como a expansão da Fraternidade Ecumênica, e o Ano-Novo, a renovação da Esperança, cujo resultado dependerá de nossa capacidade de reação, criadores da riqueza ou mantenedores da pobreza, individual e coletiva, espiritual e material. A cada 25 de dezembro e 1o de janeiro, precisamos, crescentemente, entronizar os ensinamentos do Divino Mestre acima das tradições humanas, por mais respeitáveis e belas que sejam, pois estas não podem substituir o sacrifício Daquele que, há quase dois mil anos [estávamos em 1998], entregou Sua vida por Amor a nós. Somos ainda civilização cristã bem distante da ética do Evangelho e do Apocalipse de Jesus, senão como justificar tamanhas atrocidades que se repetem e se multiplicam no mundo?!

Nosso melhor desejo ao querido povo brasileiro e aos estrangeiros de Boa Vontade, em qualquer época do ano, é o de que possam encontrar, sempre mais, o conforto, a sabedoria e a libertação que as lições do Educador Celeste verdadeiramente nos proporcionam para a Eternidade: “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos” (Boa Nova do Cristo, segundo João, 13:34 e 35).

Estimadas leitoras, prezados leitores, busquemos, agora e sempre, na Espiritualidade Superior o norte de nossa existência. O meu convite solidário para um Ano Novo de plena Renovação Espiritual é este: Jesus é a Bússola de nossa mais legítima Esperança. Sem Ele, isto é, a Fé Realizante e a Caridade Divina, viveremos perdidos nos mares procelosos da vida humana.